sexta-feira, 21 de maio de 2010

"Cuspidelas no Espelho"

Será que você é homem? Será que tem tato, ou é leproso das palavras como eu? Coloco borboletas no ventilador de vez em quando também... às vezes nos damos conta de que ninguém é insensível, e de que o senso comum é paranóico. Vamos ser francos: não falo contigo realmente, poderia eu mesmo ser um tipo de reflexo do que acontece aí dentro? Somos da mesma espécie não é mesmo? No máximo, a aberração que se coloca aí, é outro Lummox; aqui há um grande e sonolento lummox, que não realiza nada digno de elogios à loucura, desde que começou a matar 4 horas diárias para ver frangos pendurados, e asas que não batem.

Hoje é sempre um dia legal, mas ganha o nome de “dia”, e a configuração daquele: “É, mano, tem que correr atrás!”... isso se o roteiro é seguido à risca. Dizem (mentira) que se conhece sobre si em dois minutos observando uma caricatura sobre si mesmo, do que em 3 anos de faculdade. Pode até ser verdade, e não me canso da franqueza. Já não basta a pose que tenho que aguentar todos os segundos de meus dias. Só lhe peço uma coisa, não cuspa no espelho... se ele lhe traz um garoto chateado, emoldure-o, se quiser quebra-lo, desenhe-se antes, com uma caneta de retro-projetor naquela superfície lisa, linda, e com tons de prata que nem o Rio da Prata consegue fazer, e monte um mosaico depois. Te amo, realmente, por ser meu espelho, nem que me encha os bolsos de vergonha, e nem que me chame de espelho da burrice. Aliás, é para isso que servem os déjà vus. Pode mesmo existir uma falha no sistema. Sistema, hã... quem liga pra isso? Apenas gosto de ver minhas costelas, abrir o tórax, e sei lá... só sei que não sou um maldito ser daquele filme ‘Cocoon’; os malditos vêm do céu, raptar nossos avós.! Isso é muito injusto mesmo... Mas o que posso dizer, acho que no fundo aquele era meu filme favorito.

Se você me conhecesse realmente, e se não fosse apenas outro ser, assim como sou, eu diria: “É mais do que um domingo, mais do que uma guitarra!” Mas é apenas um vidro, entre mim, e o reflexo do aço. Pois estou mudado, odeio dizer isso, mas o sinto. Coloco como prioridade esse garoto emoldurado, dourado, como um ‘dead boy’. Olho para a janela, e a repulsa é imediata... apenas um quadro expressionista sem moldura, que não dá nem vontade de quebrar, craquelar.

Hoje bati minha língua no céu da boca como se fosse uma matraca (é aquilo que vendem no armazém, que é comprado pra vender 'bijú'. Nunca comprei 'bijú', apenas tinha vontade, mas acho que porque meus pais não me ofereciam quando pequeno, não criei o hábito.). Entregaria meu amigos à polícia por um ataque de risos, por uma falta de apetite, por um berro numa hora nada propícia. Sei que sou o herói, mas por que não o galã dessa loucura toda, assistida a remota distância por alienígenas? Me identifico mais com Quasimodo do que com Peter Pan.

Vozes, espasmos, e obsessões suicidas só são divertidas em ‘filmes B’, bem de vez em quando. Vozes são apenas perturbadores de mentes. Não falo sobre as vozes que se ouve na mente, mas sim, vozes que vêm das bocas de tudo que é espelho nesta sala inspirada num parque de diversões. Sobre a obsessão suicida, falo sobre correr a 126 km/h, dia após dia, numa rodovia quente e áspera. Queria ter sua clareza, sua parcimônia, sua cútis! Cara... me sinto mancando; mancando e escrevendo, me faltam pés, e não chão.Que coisa, ahn? Que diagnóstico sem coração(!): “És leproso das palavras!”. Valeu mesmo, espelho.! Te amo mesmo assim.

quarta-feira, 19 de maio de 2010

'El hombre trifásico'

"Lógica também é relativo".


terça-feira, 11 de maio de 2010

segunda-feira, 10 de maio de 2010

Pé-de-moleque em minha mente (chute)

Colocando a reminiscência como alvo e objeto de contemplação, pode-se dizer que nada é vago, como o lobo frontal de um lobótomo. Falar para o longe é um ato de amor, pelo menos para quem vos fala, até este momento apenas.

Agora muita coisa parece grudada, e aglutinada, como num pé-de-moleque, isso só em minha mente? Pode ser, não faz diferença, só muda o teor do filme que vejo agora, que continua sendo um filme, de qualquer maneira. Por isso digo que não faz diferença alguma. Essa mania de escrever o que vem à mente não é nada perigosa, pra falar a verdade, é apenas... ingênua demais para ser considerada um método filosófico de pensar; fico feliz com isso. Coloco a infância como alvo e objeto de contemplação. Vou fundo nessa coisa do ser só... rio disso tudo, por parecer uma piada... Quero sentir-me assim por um momento ou outro, apenas para me permitir chamar-me de idiota, para sentir-me amigo de mim. É bom chamar vez ou outra um amigo de idiota; é essa liberdade específica que o torna amigo, não é? Fico orgulhoso de ver meu organismo trabalhando hoje em dia. Tenho até mesmo algo escuro e pesado no passado, algo que alguma parte de mim chamava de inferno, e outra apenas via o mestre das sombras, colhedor e transformador de fezes em lama e pequenos roedores. Não é metáfora, foi outra vida; outra cidade, outra história!

“Olha só, essa coisa de tentar ser original pode tirar seu tempero, te chamariam de senhor cabeça de batata num dia desses; te olhariam com olhos de quem pode pôr e tirar suas faces, enquanto sente-se na verdade um diabo sem face”. Toda a graça disso pode acabar ao ver outro, e deparar-se com uma dorzinha chata na cabeça. Uma vez um amigo meu se reduziu a uma dorzinha incômoda no palato mole, e lá estava ele, falando da embalagem da balinha de banana, me chamando para ir lá com ele (sim, dentro da balinha de banana). Dias estranhos porém são esses de hoje, onde me vejo vivendo a vida de outros, que eu via quando era menor (alguns deles já morreram, deixando as fotos estranhas); sou o grande agora, e crianças me vêem, e tenho certeza que não querem ser como eu (não tão grandes e robustos quanto eu).

Quando acaba a graça, é hora de procurar o perigo, de inspirar-se em monstros de verdade, e de procurar um riso insano, que faça sentido afinal. Quem é que quer ser pálido e denso por dentro? Com essa luz branca ensurdecedora, que traz a dorzinha de cabeça. Risos espontâneos sãos sempre insanos, não engane-se, confundindo-os com alegria... A alegria é um sorriso, um brilho qualquer em hora apropriada.

O que mais me deixa feliz, no balanço de muitas reações cotidianas, é a questão que me mostra o saldo de ações violentas que tenho tido; é quase nulo! Violência real, digo eu, aquela que machuca, causa hematomas, e transtornos relacionados à sede de vingança e sangue.

Redundância necessária (para mim, pelo menos):

É um mundo incrível. E isso é simples constatação, não vontade de convencer-te de algo. É simplesmente pleno, completo, e maior do que qualquer um de nós pode constatar. É isso aí.... qualquer hora a gente senta e toma um café. Pode ser você aí, e eu aqui; não tem problema.

domingo, 2 de maio de 2010

"Refluxo"

Descobri um restaurante bacana, onde se tem o que se pede. Eu pedi refluxo, e cá estou, a dedicar pouco movimento ao fim do dia. É como um amigo meu diria: "Pessoas assim não merecem o que aprendem, pois não aprendem com a vida, e sim com papiros".
Fiquei sabendo que o tal restaurante não aceitava cartões de crédito. Quis saber o porquê.

-Escorri alguns metros, além do óleo; nossa, a esclerose é o que temem os que não dormem. Fale com um amigo seu após desejar morrer, depois de não dormir em paz. Escorre! Tudo escorre, e vai, cara.. do tipo... hup! Desejo mal, não a mais alguém... desejo à mim. Sou o brinquedo favorito de meu lobo. O maluco morde e agarra com os pés, voa, e com binóculos de carne apenas olho para o cemitério, meu olho grita, como o do Popeye, após o espinafre batizado.


- Você não se cansa de recitar cultura pop com os nerds de olhos grandes?

- Não sei se é bem isso que acontece. Esse negócio de dialogar é bem velho. Vem um formato de estourar espumante com isso.

- Nossa, que ridículo... você se liga em brindes, né não?


- Olha, você tem olhos grandes, mas não foi porque eu quis assim. A mente fabrica, e é tecido... nada de trocadilhos por um momento, ok?



Pessoas de olhos pequenos, ouvindo o que três punks pensavam, mandaram algo pra central, que fica do outro lado do cemitério. A mensagem só chegou ao punk do meio esquinas depois. Bem depois do cemitério.

- Fui mijar no cemitério hoje... é uma vaga concorrida aquela do mictório; já quem não tinha onde cair morto mijava nas roupas mesmo. Quase vomitei... o cobertor do cabra era como... uma tela de micróbios, toda infiltrada.

- Nossa, que poético..! Claaro! O que nos dá ânsia é que significa algo, alguma coisa digna de poemas.


- Maminha? – Pergunta o garçom querendo ser charmoso para a dupla de cínicos.

- Moço, meus talheres estão do lado esquerdo de meu prato. Não obrigado.


O diálogo foi interrompido por uma dúzia inacabável de garçons. Eles revezavam, alguns trocavam de espeto com o outro, para não parecerem garçons repetidos.

- ‘Costega’? – Perguntou o garçom de azul listrado.

- Hein? – disse Cleidman, que havia entendido o que o cara queria dizer, mas resolveu tirar sarro.

Com seus dentes perfeitos e dicção de professor televisivo, perguntava: ‘Costega’?


- É. Quer? – O garçom, usando de um truque ótico, olhou para os dois lados da mesa ao mesmo tempo, focalizando Cleidman do lado direito, e Otair na diagonal esquerda. – Vão querer? – perguntou o garçom atarracado, limpando o sebo do rosto e semi-pescoço na manga listrada de azul.

Sem forças, Otair apenas alega: “Precisamos da conta, moço”.

Notando algo de estranho em Cleidman, Otair vê que o cínico escreve por debaixo da mesa em seu caderninho azul.


- Cara, se você disser que está escrevendo sobre as presentes cicunstâncias nessa bosta de caderno, e eu não me responsabilizo..! Saio sem pagar minha conta, e pode me desconsiderar como amigo seu!
Cleidman apenas tira debaixo da mesa um poema, no título se lê “Ânsia”.

Otair não se responsabilizou por seus atos; mas como o cinismo é uma caixa de bombons, Zeus conseguia ver Otair e Cleidman, embrulhados em ternos e cocaína, sempre parecidos um com o outro.