quarta-feira, 7 de setembro de 2011

Caso eu nunca mais dormisse.

Pode ser que eu esteja enferrujado, pode ser que ela esteja certa. Espero que o que me mantém de pé faça sentido de manhã. Muita gente se descola das paredes de meu crânio, pessoas roxas e moribundas, facetas da minha redundante procura por uma saída, um atalho para o final da noite. Resolvi não contar o que descobri hoje ao diretor, pois ele sempre quer tirar as coisas de lençóis limpos e jogá-las no set de filmagem. Isso me pareceu esperto de minha parte; guardar segredo, agir como gente, não como um personagem, de uma vez por todas.

Não tenho um diário, estou escrevendo um texto extenso, já por alguns meses, e isso pode parecer uma grande farsa, mas é uma grande motivação para me manter em pé. Aliás, eu não deveria estar em pé! Deveria estar dormindo, agora que é temporada de lançamentos, de vivências em cartaz no mundo dos sonhos.

Olha, pode parecer desconcertante, muito dessa conjugação inesperada e espontânea, mas enxerguemos por uma nuance mais ensolarada: franzindo nossas caras para o sol, não necessitamos de outras expressões, basta olharmos para a luz que nos ataca, para sabermos que alguma coisa entendemos sobre o todo; sobre esta parte que lhe descrevi, posso montar um esquema explicativo muito simples. Não faço discursos como loucos, espero os generais aprovarem, aqueles que se apossaram de minha mente e que espreitam agora mesmo. O que ocorre normalmente, é que me torno muito gráfico, muito imaginário, devido a esta mania de ver coisas; posso passar horas descrevendo um único pensamento, sem deixá-lo escapar. Mania esta que tenho devido ao desejo latente de causar empatia, de tornar um momento de encaixe entre mentes um tanto mais direto, empírico, indispensável.

Tem quem compre bastante desses trambolhos, tem quem viva disso. Tem um cara que aparece em minha presença de vez em quando, me convidando a juntar-me a ele. Acho que ele é eu mesmo depois de amanhã, caso eu nunca mais dormisse. Entende o que digo? Tem um andarilho atrás da porta, pedindo leite; eu seria um troglodita se não atendesse a esse ancestral personagem que me guia, me limpa de tampões que se põem frente a meus sentidos. Pode ser que esse cara seja algo diferente de mim, por isso me interesso; por isso dou-lhe acesso.