segunda-feira, 14 de janeiro de 2013


Crie uma Música pra mim que não tenha Rima

A gente precisa de um fogo externo
E tudo dentro da gente na verdade é um espelho

Sou desengonçado no escuro
Só ando na rua à noite
E quase ninguém me vê

Precisei de um novo amigo
Pra te enxergar de novo
Sonhando de vestido azul numa varanda beira-mato

Precisei andar de carro
Carregando minha palheta da sorte
Pra lembrar um sonho, uma textura, um rosto em específico

Precisei pesar mais
E perder todas as roupas... Bom, na verdade não precisei

Você ouve uma voz no escuro
Minhas pupilas dilatam com o toque de seu espectro

Poderia fazer mais sentido se você lesse o que digo
Poderíamos fazer sentido num dia desses
Posso inventar um prato novo, com carne vermelha, do jeito que você gosta

O lance é que estou fingindo. Não sou poeta, apenas gosto de saber que posso te ver de novo...
Sonhando de vestido azul numa varanda beira-mato.

domingo, 13 de janeiro de 2013

'Silly Thing'


Você não precisa pedir perdão pra Deus porque matou um amigo imaginário. Seus amigos entendem a situação melhor do que você... Sempre. Tudo o que acontece numa trilogia é entendido como uma afronta à coletividade comum. Uma trilogia lhe faz pensar no bater miocárdio, e lhe faz não pensar, sentir.

Não conheço caminho a seguir, e não conheço desvio, não conheço ponto de chegada, e desconheço churrascarias à beira da estrada. Tudo o que é feito em trilogia é respeitado por cada olho e cada dente...

Conheço algumas situações padrão, e conheço o interior. Conheço um cara corcunda que anda na rua com cigarros e prostitutas do terminal urbano. E conheço um garoto bom, um garoto que espera minha instrução e assiste quieto e tranquilo à todos meus trabalhos. Acredito que ele pense que uma hora dessas as coisas vão se estabilizar; ele é um sonhador, e respeito isso mais do que à mim mesmo. Respeito este garoto, porque é ele quem assumirá a firma.

Alguns amigos meus acham que estou me encontrando. Eu penso que não há algo para encontrar; tudo do que preciso está bem aqui. Fico em paz, à pesar dos vizinhos... Conheço um ou dois, e tudo o que acontece aqui dentro não se trata de festa, nem um pouco. Devo procurar o meio-termo? Devo viver para gastar a energia que me foi dada como embrião? Acho que preciso de uma namorada.

Acredito na paz como pré-requisito para a vivência em dois, ou em um. Roqueiros sabem disso, e acreditam na paz. Toda e qualquer destruição é de muros, e grades, e cercas; e eu sei, não posso generalizar. Falo de trilogia. Falo de música, falo de um tempo calmo. Não devia pensar nos vizinhos... Eles nunca pensaram em mim; acredito em amor recíproco.

Quando uma música toca aos meus ouvidos dizendo “It’s gonna be alright...”, eu procuro um certo conforto, e acho muito pouco, apenas penso “Tudo ficou bem até agora, não é não? Você voltou de todas as viagens...”. Como é que o Bukowsky escrevia sempre bêbado?

Quero respeitar o garoto bom, e quero respeitar a garota. Quero poder olhar o beija-flor, e não me sentir estranho demais para admirar algo tão sublime. Me estranham, e retribuo. Acredito na reciprocidade.

Você é alguém, mesmo que despido de ego, e lhe chamo, às 5:19 da madrugada de um sábado morno, de sangue imaginário. Eu devia escrever um livro, antes que uma faca me encontre, antes que eu crie mal-gosto, antes que minha música entre na moda, antes que a gente dê um corpo à tudo o que acontece em nossas cabeças, antes que... A gente perca a “mão”.

Reconheço meu riso no seu, e sei que sou lido por poucos; poucos leem minha face, minhas faces. Pois é, acredito em toda aquela reciprocidade, e acredito que algumas mãos deveriam emagrecer para caber em certas luvas. Por luvas, digo gente. Conheço pouca gente, e deveria ler mais, escrever mais, e perder a vergonha e o pecado cristão. Eu deveria viajar pra Europa, e conhecer uma garota sardenta, de vestido florido.

Garoto Bom, um dia desses você vai morrer, e vão dizer... “Oh, my... Oh my.”