domingo, 4 de abril de 2010

Desejados torrões de açúcar

Minha calmaria está virando sebo. Sebo das paredes do inferno que desenhei. Deixando de ouvir um de minha espécie, que dizia que eu não poderia ser o que eu finjo ser, me sinto cada vez mais desfigurado. Sei que muita gente tem acessos, e muitos têm mundos que não saem do silêncio, não os deixam sair do mundo Fluido, não deixam nenhum torrão de açúcar para os cavalos sanguinários de nenhum de nós,de todos que operam, e como Magnetos tiram os resíduos cortantes das entranhas do que berram. Sei bem do que falo, e sei bem que isso não é dito para ser agravado nos sintomas de ninguém; nem mesmo naqueles que não acreditam em conspiração. O horror de hoje, é a fantasia tão deglutida de antes de ontem. Hoje os carros equipados com lâminas matam de verdade, e qualquer torção fora de hora pode fazer um ente querido morrer. Não há beleza nisso, a não ser para hienas; a não ser para os que já foram carniça, para os que viram o mundo inteiro indo embora, e sentiram silêncio como água que envolve o corpo. Imóvel, e em decomposição.

Não sou o melhor suporte para peles, como os gravetos de Dalí são em suas visões. Hoje era páscoa, e quase deixei meu olheiro no chão. Mais claro? Não.

O fluido vem e vai, como os personagens que meus amigos e eu encarnamos. Me foi dito hoje que estou com uma mania. Admiti. Não fujo mais do que me dizem tão sinceramente, de tão perto que me sinto de mim, de minha garota, e do som.

Acredito que todos tenham um herói só para si, um que só se vê na mente, um que não é contado a ninguém, não deixando nenhum torrão de açúcar... para animal algum.

4 comentários:

  1. A força dos seus textos me alucinam.

    E não podendo ser o que a gente finge ser, a gente tenta ser a cópia imperfeita do que pensa que é.

    Grande beijo, Rafael.

    ResponderExcluir
  2. Olá Rafael,

    Mantenha-se na maneira que usa, que prolifera suas palavras e seus sentidos, são os mais corretos ao meu ver. Tão Desejados Torrões de açúcar... Pois bem, não deixe que certas formigas te levem pra longe, pra longe de você mesmo. Como bem disse seus Torrões são desejados, creio que até por você próprio. Guarde seus mais adocicados pedaços para você, para a sua garota e para o som. Pois isso é o que interessa!

    abraços

    ResponderExcluir
  3. Este comentário foi removido pelo autor.

    ResponderExcluir
  4. Rafael, sempre leio e releio seus post antes de ousar comentar qualquer coisa. A cada releitura, mais fascinantes ficam as palavras, as imagens, as provocações e questionamentos...

    'O horror de hoje', 'a fantasia de antes-de-ontem', o mal do nosso século. Dos desejos insaciáveis e pensamentos cada vez mais altos, voadouros, arriscados, mesquinhos (porque não?).

    Os torrões poderiam ser tudo, tudo que remete ao prazer, que sacia a fome (do que for, quando for)...

    Fiquemos com o que de mais sincero cremos que somos, e que temos (o que queremos ser também faz parte do que somos, como nossos heróis). O resto é foligem, folha-seca no vento-morte... (talvez não tão dramático e radical assim.)

    seja o que for, como for, sempre preferi os anti-heróis...

    abraços, Rafael!

    ResponderExcluir