terça-feira, 23 de março de 2010

Inverno em meus miolos.

O tempo frio realmente me leva, e fica outro caminhando por aí... enquanto eu, eu mesmo... apenas não conheço mais o corpo que envolve um cérebro órfão de um nome.

Sons e sirenes me arrepiam os cabelos que ficam do lado esquerdo de meu crânio; não só me lembro de tempos antigos, como vivo tempos passados, e ouço músicas ancestrais. Não tenho mais medo de enlouquecer, apenas não quero sair da linha, ou perder o fio da meada, ou qualquer coisa assim... Algo retilíneo relacionado à abstração.

Ontem mesmo, um turbilhão de vozes me cobriram na cama à noite. Entre elas, versões bizarras de vozes familiares. Feiticeiras e usurpadores químicos, que trocam vidas por prazer. Não posso dizer que há algo estranho em mim, pois já conheço todo esse cronograma. Apenas me pergunto: “Tem um porquê?”.

Ouço músicas que me chamam de ‘girl’, ou ‘babe’; não ligo realmente para isso apenas me sinto acalentado pelo Rock. Deveria eu parar com hábitos antigos, agora que durmo cedo, como pouco, e não bebo? Me senti um tanto neo-budista hoje... não sei se posso me deixar levar de novo por doutrinas. Acredito que não. Se eu for amarrado de novo a uma cama, acredito que eu nunca mais terei todo ‘eu’ desamarrado, e em pé novamente. Talvez seja mesmo melhor deixar esse negócio de seguir alguém de lado.

Tenho certeza que muita gente já disse isso, mas tenho agora minha mente fria, e meu coração quente, na mais sinestésica das descrições. Por que é que me sinto tão relaxado... com vontade de rir? Posso até mesmo ser chamado de careta! Estou de boa, realmente. Se colocar mais dopamina em meu cérebro... acho que daria pra ver o contraste de longe. Exagerado, mas acho engraçado. Rio de mim mesmo.


Há vezes em que me coloco a colecionar sinais, e com eles quase não paro de ter calafrios. Decifro-os depois, entretanto, e vejo que são apenas sinais... a distancia entre seres já foi temas para divagações, mas hoje é apenas um papel a ser rasgado.

Ainda grito, e ouço a Terra me chamando. Até parece que um pajé me visitou semana passada, e soprou em meu ouvido.! Não grito porém para ti. Não seria justo. Coloco os fones de ouvido, fico bem quieto em meio à rua selvagem. Esse pajé ainda me paga.

Já não entendo a mecânica subjetiva. Lembro-me que num show do Sonic Youth, há alguns anos atrás, eu de olhos fechados me via em um corredor, com milhares de portas, abrindo uma delas, vi tentáculos e cobras saindo de lá de dentro. Me assustei e abri os olhos, quando vi um cara sendo carregado, duro, travado, nervoso. Pensei: “Será que ele também abriu uma caixinha de pandora na mente dele?”. Essa minha mania de querer fazer pontes entre todas as coisa que vivem. Como o que tento no momento presente. Empatia por empatia? Digo: “Já sentiu se como uma aranha prestes a ser pisada, após ter pisado em uma aranha?” hã. Mas se necessito passar uma mensagem que pareça-me verdadeira, vasculho uma daquelas portas do corredor, e luto contra os tentáculos
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Um comentário:

  1. Olá,

    Eu me senti, e me sinto num eterno show do Sonic Youth... tenho trilha sonora "Schizophrenia". Sou uma aranha e já pisei em outras aranhas. Sou uma aranha que fez da jaca pantufas. E pretendo um dia fazer dos tentáculos mangas pra me esquentar desse inverno nos meus miolos.

    muito bom seu texto!

    Abraços Guilherme

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