quinta-feira, 18 de março de 2010

Nonsense, Redundância, e outros Monstros.

O desejo que tenho de passar algo para a frente é maior do que a vontade de adquirir algo de terceiros. Acredito que daqui a alguns anos isso se reverta, até que eu me descarregue dessa leva de energia. Então, algo acontecerá neste corpo...” algo será absorvido , enquanto nada será expelido”, como diria Ian McKaye. Por enquanto, me deixo vazar, sangrar, por mais comum ou redundante que isso possa soar. Na realidade, não posso falar muito sobre redundância, até porque tenho no máximo seis frases de efeito em minha mente que se repetem no decorrer do dia... entre elas: “I’m so fucking stupid”; “I’m no fucking faggot”; “I’m no fucking stupid, I know I’m not!”. Sim, desse jeito aí... Isso acontece quando penso algo idiota, ou quando me acho bom em alguma coisa, e acho que estou me gabando para eu mesmo; coisas do tipo. Por que em inglês? Não sei.

Considero minha mente redundante, não só por esses fatores, mas também porque muitas vezes meu consciente trabalha no piloto automático, como agora. Às vezes apenas me deixo levar pelo (“Vento do Oriente... Diga, vai..! Vai ser legal.”) anti-critério, e não pelo pensar em si; me deixo levar (“Pelo vai e vem de minha cuca!”) por uma linha de raciocínio fácil e segura, a do nonsense. Relato sim, algo que não é simples para mim, e que não coloco para fora desde minha ultima sessão psicoterápica, que já foi há algum tempo.

Realmente, eu deveria ater-me a ser mais discreto, saber onde piso, e por que piso; se é na mão de alguém, que seja esta a pessoa certa. Bem de vez em quando, de repente, me vejo com braços longos, que se arrastam no chão; piso em minha mão nesses dias. Sinto falta de pessoas que nem mesmo tive o prazer de olhar nos olhos, mas às vezes, quando me vejo comprando todos seus discos e chapéus, apenas me olho, e me pergunto: “O que estou fazendo realmente? Estaria eu fora de meu juízo?”. Esta pergunta tenho para mim agora.

Por mais que eu renegue a casa poética como meu lar, me vejo sempre tropeçando em versos e gritos de pessoas que já existiram, e que não estão aqui neste momento, para me dizer o que fazer com toda aquela mensagem: todas aquelas torres de vidro; viagens com polvos; cães do inferno; polícia da mente, e do Karma.

Já me sinto próximo de um alvo fácil, mas prefiro deixar a terra do nonsense para amanhã, quando eu tiver apenas ela para balbuciar meu nome do fundo de minha mente. Não espero esse dia, mas o vejo no ‘hoje’ de cada um que um dia já foi eu, ou como eu. Não o espero, hoje não.

6 comentários:

  1. adorei, vc manda muito bem com as palavras

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  2. Como sempre...mais um ótimo texto.
    Sempre me sinto meio despida quando leio o que você escreve...

    E se há verdades em seu texto...essa é a mais pura delas: " Sinto falta de pessoas que nem mesmo tive o prazer de olhar nos olhos"

    Grande beijo Rafael.

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  3. Eu deveria prestar mais atenção nas coisas que você escreve, em suas produções, é muito prazeroso, satisfatório.
    Queria saber me expressar tão bem quanto você, mais ainda há em mim muitas coisas mal-entendidas, muita treva, haha. Uma escuridão que não me deixa enxergar exatamente o motivo das minhas complicações.

    Um beijo, meu amor!

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  4. Deixar-se levar é uma alternativa quando não queremos mais a responsabilidade de viver, de pensar, escolher...

    Amei teu blog e teus textos!

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  5. Não tem muita graça ser discreto, gosto da vida na zona de risco... maravilhoso o que disse sobre sentir falta... eu sinto falta, de pessoas que nem conheci, de lugares que ainda não encontrei, e momentos que não vivenciei..

    ... e lendo esse texto, sabe que senti falta de você? Como se fosse uma parte de mim que não vejo a um bom tempo...

    acho que tá na minha vez de ir pra uma sessão psicoterapêutica.. (risos)

    abraços, Rafael!

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