domingo, 18 de abril de 2010

Bases e Reversos.

Tem quem se delicie ao escrever contos tenebrosos. Tento me afastar de ser um desses; descobri, através de uma experiência recente, que assassinos, e frios de sangue têm tais códigos como bíblia e inspiração. Fazem suas conversões através de cortes e contos; sim tentam converter pessoas saudáveis. Sei que não sou tão saudável assim, mas olho para minhas mãos, e não vejo ferramentas de extração sanguínea, não mesmo!

Vendo minha casa de cima, acho impossível sair dela pelo telhado, mas os sonhos insistem em me fazer tentar.

Tenho medo da visão tríplice, na qual vejo o que vejo, vejo o que não há, e vejo o que poderia haver, tudo na mesma dimensão. Imenso, imenso, tudo isso que encontramos, seja ao se deparar com o caixa, seja no descascar uma árvore para ver seiva, seja no cortar a pele para ver o sangue. Imenso? Como assim? Nem só o que é pleno faz parte do que é vasto; há imensidão de terrores, isso nas mentes que convertem.

Coloco meu coloquialismo para trajes, e falo de vez em quando sobre a “fantasia reversa”. Sobre esta última, posso dizer, pouco importa o que se pensa, porque o que não se pensa por intuito, será o próximo passo a ser mentalizado. Nesse ciclo, nessa ordem, que só é revelada ao virar o papel de ‘costas’, e colocá-lo contra a luz. “Quantos olhos tortos! Tantas bocas decadentes, quantos traços de salão, quantas perspectivas reversas!”

Foi a “fantasia reversa” que me fez brincar de caça ao tesouro, virar os discos ao contrário, mandar minha alma para a casa de detenção, indo com um promotor de Rock’n Roll, copiando-o nos beijos. Não me atreveria dizer ser um arauto da teoria reversa fantástica. Apenas gosto do som dos pratos se juntando, desempoeirando o que viria a ser a consciência linear, a tão aclamada normalidade! Não escarneço, apenas pigarro. Guardo para mim, inteiramente, todos meus contos tenebrosos. Há goteiras num quarto qualquer, mas nós estamos longe, cobertos de pele, mornos e vivos. Qualquer coisa é só virar, os papéis, os pratos metálicos, a poeira. É a primeira, e não última vez que deixo pouco de meu reverso sair, com suspiros e franze-testas. Outra hora a gente sola. Por incrível que pareça, o que me reina hoje são as bases!

8 comentários:

  1. Vai ver que quando a gente é o reverso do que a gente é, conseguimos ser totalmente o que somos...ou quase isso.

    Gosto da forma como fala de si.

    Grande beijo, Rafael.

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  2. Meus contos tenebrosos ponho no meu blog :P
    Bjs

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  3. ih, mal aí, quis dizer abraços!
    hauahua

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  4. ~ 'escárnio' é um dos poucos substantivos que eu admiro.
    seus textos admiro todos.

    beijo, rafa.

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  5. Acredito realmente no poder das palavras, ela são fortes, são cortantes... Pode-se sim criar mentes sanguináreas. Mas creio eu que mentes assim tão tortas, pra não reparar na palavra "conto", não se cria se nasce com isso.Inspiração, seja ela qual for, todo mundo tem um dia!

    Gosto muito dos seus textos

    abraços

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  6. Medos comuns, à mim pelo menos, da triplicidade visionária que me impede de simplesmente enxergar e aceitar as coisas como são e se mostram. Dos contos tenebrosos, do lado obscuro, tudo isso todo mundo tem um pouco (não que isso seja verdade plena, apenas acredito que sim)...

    Suspire, então.
    Abraços, Rafa!

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  7. Vim agradecer seu post e acabei lendo o teu texto, gostei muito, é intenso e sombrio!

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