terça-feira, 12 de março de 2013

Seções Invisíveis


Há momentos em que sinto estranha ligação com a dinâmica de um mundo que acontece velado, [dentro de minha cabeça] (?) (é o que me dizem quando falo); outras opiniões minhas são interpretadas como paranoides, e paro de me importar com isso agora. O que acontece do lado de fora é bem diferente do que nos falam homens que têm certidões que indicam que sabem o que falam. Não deveria ouvir nenhum deles, homens de branco, homens que riem, homens que cantam; homens e mulheres bem resolvidos consigo mesmos, que fazem convites de maneira sempre incisiva, de olhar gentil.

O ímpeto de conhecer o fim é parecido com algo que conheci há algum tempo. “Hoje” é uma palavra forte, e deveria ser menos  usada, talvez de modo generalizado, como... “Hoje é vida, amanhã será morte”. Separar a vivência em seções é extremamente humano e doloroso; dividimos a vida antes de nossa existência aqui em eras, separadas por mortes, quedas, escassez. Normalmente não nos damos conta de que um dia nunca acaba, e que dormir ou morrer não separa as coisas de modo geral; observar tudo em primeira pessoa é manco, e é de bom grado extinguir tal panorama vez ou outra.

O vortex, assim como os padrões fractais, não tendem a inovarem-se no quesito roteiro, mas sim no quesito matéria, talvez isso tenha a ver com o Eterno Retorno; outro cara já pode ter escrito isso aqui com grãos de arroz, e hoje sou ele, com outro nome, outra pele, outra luz. A diferença talvez esteja nos códigos; a vida se repete em roteiros idênticos, mas o alfabeto é outro, a evolução da linguagem: Olhares -> mímica -> grunhidos - [cataclisma] -> hieróglifos -> escrita cuneiforme - [cataclisma] -> números de 1 à 10 -> algoritmo - [holocausto] -> código binário -> telepatia estimulada eletronicamente por nanomáquinas -> transposição da reprodução por vias convencionais -> criônica -> estagnação intelectual coletiva - [holocausto espacial] ... Dispersão -> fim do homem como animal social - [paz mundial] -> expansão coletiva da consciência -> olhares -> mímica -> grunhidos -> 0100011100011001 (...).

Esforçar-se para compreender o silêncio é procurar ser um ser mais abrangente, mais pacífico, emancipado das seções impostas pela humanidade; a seção tão banalmente traçada, que divide o silêncio de vozes da nova tendência de assuntos (da noite, da temporada, da era). Respeitar a vibração do universo sem insinuar que falta um toque de criador (homem) ali é mais importante do que a ânsia pelo utópico nirvana.

Por conveniência, num futuro próximo, não profiramos algo sobre silêncios constrangedores.

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