domingo, 3 de junho de 2012

À Srta. Miggns, minha sunny sister.


Srta. Miggns,
Quando você diz que sua mais singela carícia derramada entre teclas é pobre... Bem, eu fico desconcertado. Lembra aquele lance meu, de não saber mostrar emoções ao receber presentes? Isso aconteceu com essa carícia. Não sei se sei presentear também... tudo o que dou de presente, faço primeiro para mim; você sabe como é.

Pouca gente te conhece. Muita gente me diz: “Sua irmã é muito firmeza”. Mas será que eles conhecem a fundo seus talentos, e sua mente, que pensa com letras? Será que sabem algo sobre seu lado que se vê feliz da vida por ser filha de uma fã de circo de palhaços pobres? Não sei se eles sabem. Gostaria que soubessem! Acredito que minhas mãos sejam ásperas para alguns tipos de carícias... mas podem ser boas para desenhar cartoons desajeitados. Esse “desenho” aqui é pra você.

Acontece um negócio estranho nestes novos dias, de um mundo de ar viciado; aquele frescor do sopro das manhãs de dias de semana, nos quais nos levantávamos para ver desenhos, e gritar ‘bruxa’ ao invés de Xuxa, esse sopro parece escasso... Mas olhe só! Temos snorkels! Snorkels estes, que elevam nossos espíritos à superfície, e sentimos novamente o frescor, que não descartamos (como muitos outros parecem ter feito), por sabermos que ainda precisaríamos dele, pois ainda somos crianças. Damos inspiradas nesse novo ar que nos cerca, sempre que estamos de pijamas novamente, mesmo vinte anos depois! Você continua morando dentro de uma grande botina, com janelas que dão para um grande gramado, onde você põe suas tortas para esfriar, feliz por ser uma linda camundonga, dançando ao som de músicas em alta rotação (daqueles discos antigos do nosso tio); e eu ainda sei fazer as micagens da dança que batizei de “dança do Jimmi Hendrix”.

No início de nossa caminhada, você foi como uma grande árvore, na qual eu me recolhia sob a sombra, e era uma sombra agradável, nunca opressora, e nunca em hora de almoço ao meio-dia. Você nunca me diminuiu na frente de seus amigos, nem quando você era pré-adolescente, e isso era sempre um feito épico (!), mas pra você era natural. Você me ensinou respeito, postura, personalidade, e a importância da criatividade, e dos detalhes. Você me mostrou que Rock é uma coisa boa. Sempre me incentivou a compor, mesmo quando eu não sabia praticamente nada de guitarra, e você sabendo ler partituras há tanto tempo.

O tamanho do respeito que temos um pelo outro nos permite crescer, e nos permite ainda olharmos um para o outro como provavelmente gostaríamos de ser vistos. Você é a prova viva do que nossa mãe nos ensinou sobre família; você é o Porto Seguro.

Sei que você me entende, e fico mais do que feliz por isso. Sabe que sou um tanto abstrato, e até chato de vez em quando. Me deram um cérebro tão fragmentado e esquisito, mas me deram uma irmã para entendê-lo pra mim. Você me entende melhor do que eu, e entende minha piadas, e até minha indignação ao constatar que alguns batizam discos e quadros ‘seculares’ de “demônios domésticos” (Jeezus! Será que era isso mesmo?).

Te amo demais, ermã! O domingo ensolarado que tanto procuramos, ao meu ver está cada vez mais próximo.  

Você sabe que eu gostaria de me virar do avesso; essa é minha natureza, mas me sinto um robô aqui na frente dessa tela... Sou bem mais humano de pijamas.

 Sem você, eu não seria possível.
 Obrigado pelos seus feitos épicos diários.

  


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